quarta-feira, 2 de junho de 2010

Inverno nu

(Nietzsche por Edvard Munch)



Por entre a chuva espessa que transmuta a calma noite em dilúvio,
jorrando à cântaros de um céu negro salpicado em relâmpagos
aos bramidos retumbantes das trovoadas insanas que propagam a ira dos deuses
acovardando mortais sob seus cobertores mofados,
correrei afrontando os raios gritantes, intentando surfá-los

Ou no inverno selvagem quando criaturas tiritantes
de ossos congelados esconderem-se sob seus grossos tecidos
gemendo lerdos à beira de largas lareiras crepitantes
rasgarei minhas vestes e atearei fogo

e correrei nu por sobre a brancura da neve que ao despencar dos céus
encortina a atmosfera atapetando o solo da gélida noite tenebrosa
cantado insano o hino dos que agonizam os velhos tempos:
Rasga tuas vestes elas já não te servem mais

2 comentários:

Unknown disse...

Olá!! Amei a poesia, bem clássica. Estava com saudade dessa linguagem que foi sendo deixada para trás. É como o resgatar do José de Alencar; não do romance, mas do poema. Parabéns!

Anne Verneck

Elias Balthazar disse...

Se uma poesia desperta sentimentos como saudade,t alvez então tenha atingido seu objetivo.

Obrigado pela visita Anne Freud.