quinta-feira, 10 de junho de 2010

Aroma ausente
















(Foto: Michele Saraiva)

Ausência de rosas deserta meu ser
Qu’em aridez se desola
ao vibrar do silêncio sinfônico
e circunda-me a lacuna infecunda
do carente vazio eleitor do meu nada
que divaga a dança incerta das folhas ao vento

A poeira esvoaçante dos sonhos estéreis,
lembrança da ultima morte do si,
tempestuosamente desfragmentam meu corpo
e me confunde o ermo deserto

O ser ainda assim insiste a presença
e na chuva gélida das dores funestas tornadas lágrimas,
qu’inda embaçam a colérica visão,
encontra acento aos fragmentos do eu,
que habitavam insólitos a incerteza dos ventos secos,
esculpindo formato de nova existência

...e ‘alma que desliza a superfície do dilúvio
encontra ilha que cultiva um acanhado desejo de eu
a rasgar a atmosfera exalando tímido odor que possa desfazer teu
aroma ausente

5 comentários:

Domi disse...

Gostei desse; me identifiquei...Como se o escrito se encaixasse nas nuances do meu proprio ser, aquilo que se pensa e nao se expoe sobre os momentos pessoais sombrios que vivemos dentro de nós mesmos, e quando se percebe, ja foi revelado...

Talita Sombra disse...

Lindos e profundos, como o autor.
Espero que se perpetuem por muitos séculos ainda. =)

Irei apreciar seu trabalho no SESC.

Abraço.

Elias Balthazar disse...

Senti um perfume diferente no blog. Agora percebo que foi tua sombra que apareceu.

Obrigado pela visita minha cara, espero que volte sempte.

:)

Ella disse...

XXXVI, Hilda Hilst


Un poisson lilas et mauve
Dans un clair cube
De sons et d’eau.
Ainsi tu te montreras.
Un profil courbe.
Somme d’ailes.
Un presque obscur
Sur les vitrages.
Et fils et lignes
Tressant des masques
Pour mon visage :
Rouge mandala
Pour un profil.
Alors j’ajuste
Pour la plongée
Couleurs et masque.
C’est moi. Un poisson rouge
E un autre lilas et mauve.

Elias Balthazar disse...

Ella... Você. Obrigado por me apresentar essa poesia.