sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Beije-me


Beije-me
Mas, não me beije assim de ensaio,
como quem tem quase nojo
Beije-me com sua alma trêmula
Como na ternura de um afago

Beije-me dormente como em um transe
deixe que se avive esse desejo latente,
deixe que eu te macule com a nódoa do meu amor
Faça tremer seu coração
como na demência da paixão

Me beije na noite à luz do luar
sob o brilho das estrelas
com a brisa à soprar
ouça a melodia dos batimentos
que te arranco do peito
Há! Nos entregaremos não há outro jeito

Beije-me, mas também me abrace
No embalo do vento
como no balanço de uma sinfonia
na ardência da volúpia da magia


Beije-me doce como o ar da primavera
Se entregue a mim, mas, que eu não seja teu dono
Me beije macio como no aconchego do outono
Quente de pulsação como no calor do verão


Beije-me no inverno
Me traga o palor da vida
Que eu sinta teu peito palpitante
Me diga que anseia do amor o libertar,
da paixão o flutuar,
como no balé das borboletas

Me beije querida, saudosa
como numa eterna despedida
Me beije e depois se vá
me faça queimar o instinto
a vagar do amor no labirinto
e depois me lembre do que sinto

Meu desejo é te beijar
Sentir nas mãos seu desmaiar
Sentir o néctar, a ambrosia dos deuses
Que a vida faz vibrar
Como quem arranca do violino a melodia
Eu arrancarei teu suspirar

E o único som que nos resta
É dos peitos o arfar