A mãe das marés lança noturna seu beijo neon sobre as águas
permanecidas extensamente perdidas à vencer o horizonte
Sentado sobre a distância dos ventos contemplo o deserto líquido sem ousar sequer gota
e esse meu fixo olhar esférico que atravessa os tempos
abarca as noites e os dias que se teceram no espaço
Trajo a aragem da aurora, a oculta túnica dos ares celestes
e da densa estrela que despenca do alto dançando suas chamas no céu escuro
dou luz à meu corcel azul flamejante
Assim, crepitante, cavalgo rasantes ventosos
desenhando rastros tremeluzentes sobre a superfície das águas
sem ousar ondas ou o despertar do furioso dragão-marinho que jaz adormecido