sexta-feira, 30 de julho de 2010

Transeunte





Percorro o sonho terrestre invisível como o vento noturno
que chacoalha a relva e lhe cava túneis
sibilando rasteiro nas trevas da noite banhadas no prata da lua
Cavalgando instantes nos galopes do tempo
enquanto invento a vida

Percorro o sonho terrestre apreciando os seres,
transitando sonhos alheios,
e divagando dúvidas, pois a certeza pertence às pedras.

Movo-me mudo, azul, como uma nuvem contra o céu noturno
ou mergulho a tormenta dos oceanos profundos dos corações distantes
Existo como brisa calma e fogo selvagem

Percorro o sonho terrestre paciente como um escultor,
buscando formas enquanto entalho idéias.
Percorro o real terrestre vivendo o mais profundo dos sonhos
através destes dias reais







quinta-feira, 15 de julho de 2010

Traje da aragem de aurora





A mãe das marés lança noturna seu beijo neon sobre as águas

permanecidas extensamente perdidas à vencer o horizonte

Sentado sobre a distância dos ventos contemplo o deserto líquido sem ousar sequer gota

e esse meu fixo olhar esférico que atravessa os tempos

abarca as noites e os dias que se teceram no espaço


Trajo a aragem da aurora, a oculta túnica dos ares celestes

e da densa estrela que despenca do alto dançando suas chamas no céu escuro

dou luz à meu corcel azul flamejante


Assim, crepitante, cavalgo rasantes ventosos

desenhando rastros tremeluzentes sobre a superfície das águas

sem ousar ondas ou o despertar do furioso dragão-marinho que jaz adormecido