quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Olhar sobre tela

Por entre as cores, traços, linhas,
afetos e cubos e beijos sem formas
Seres amarelos e verdes, “loucos”,
“homem, flor e gato”, “bichos do mato”
“mágoas e sombras na esquina”

“São as lembranças” em cores
e formas distorcidas
De meses e anos e das areias do tempo
do “agosto em chamas”

Da estrada, “o viaduto”, incompletos,
esquecidos antes do fim
como o perdido olhar da moça vermelha,
no azul, entre as águas e as “luzes de santo Antonio”

“Trabalhadores da usina”,
“mudam o rio, mas o rio
não muda”...
...os homens...




Sobre a exposição do pintor Moises Costa

http://inconstantementetraco.blogspot.com/

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ela mente


Não te esqueças de que tua mente é uma produção cultural...


sábado, 13 de novembro de 2010

Infinitas ilusões



É ilusão acharmos que estamos vivos por acaso
É ilusão achar que o acaso é algo simples
É ilusão achar que podemos viver sozinhos
É uma ilusão achar que não estamos sós

É ilusão achar que sonhos não se realizam
É ilusão achar que todos os sonhos são possíveis
É ilusão achar que nada está certo e é ilusão achar que tudo está errado

É ilusão achar que não temos tempo
É ilusão achar que temos tempo de sobra
É  ilusão achar que tudo é ilusão
e é uma ilusão dizer que não




domingo, 26 de setembro de 2010

Eternas ondas



Cada dia é um gosto

Cada segundo um momento

O que se repete são os números, não as horas


Cada coração é um estado

Cada verbo um desejo

O que se repete são as palavras não o que se diz


Cada pensamento é um lugar

Cada amor um amar

O que se repete são os toques, não os beijos


As coisas não se repetem

apenas refletem

e na vaga ilusão das memórias a temos como mesmas

Como as ondas

Como as eternas ondas

vistas sempre iguais contra as pedras sem nunca serem as mesmas

domingo, 19 de setembro de 2010

Corações de diamante


De um gosto pesado e profundo

obstruindo gargantas

como pedras sobre cartas

De palavras encarceradas no medo,

pulsando nos poros,

vermelhas como as faces da cólera


De peitos encarecidos pelas adquiridas

formas brilhantes de pedra

Corações de diamante

cristalizados pelas idosas lágrimas

e de olhares opacos, presos ao chão pelo peso dos anos


Amarelas lembranças, pálidas feito dias sem fogo,

propagam sabores irradiados no vento

amargos como palavras de mágoa,

secretos como cultos pagãos,

latentes feito desejos proibidos


E na surdez, no silêncio escondido dos corações lapidados,

há um revolto mundo rochoso, mudo, não dito,

buscando formas camufladas e simbióticas

se expressando como quimeras



sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Beije-me


Beije-me
Mas, não me beije assim de ensaio,
como quem tem quase nojo
Beije-me com sua alma trêmula
Como na ternura de um afago

Beije-me dormente como em um transe
deixe que se avive esse desejo latente,
deixe que eu te macule com a nódoa do meu amor
Faça tremer seu coração
como na demência da paixão

Me beije na noite à luz do luar
sob o brilho das estrelas
com a brisa à soprar
ouça a melodia dos batimentos
que te arranco do peito
Há! Nos entregaremos não há outro jeito

Beije-me, mas também me abrace
No embalo do vento
como no balanço de uma sinfonia
na ardência da volúpia da magia


Beije-me doce como o ar da primavera
Se entregue a mim, mas, que eu não seja teu dono
Me beije macio como no aconchego do outono
Quente de pulsação como no calor do verão


Beije-me no inverno
Me traga o palor da vida
Que eu sinta teu peito palpitante
Me diga que anseia do amor o libertar,
da paixão o flutuar,
como no balé das borboletas

Me beije querida, saudosa
como numa eterna despedida
Me beije e depois se vá
me faça queimar o instinto
a vagar do amor no labirinto
e depois me lembre do que sinto

Meu desejo é te beijar
Sentir nas mãos seu desmaiar
Sentir o néctar, a ambrosia dos deuses
Que a vida faz vibrar
Como quem arranca do violino a melodia
Eu arrancarei teu suspirar

E o único som que nos resta
É dos peitos o arfar

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Exposição "Retratos poéticos" - Rede amazônica





Exposição que une os olhares fotográficos de Michele Saraiva e a contemplação poética de Elias Balthazar. Realizada pelo SESC/RO.



Imagem e verbo



A imobilidade da fotografia não é momento preso,

nem silêncio imposto, é dialogo em potencial.

Se meu verbo é cego e tua imagem muda

nos emprestemos então os sentidos ausentes

e façamos da falta a completude.



Elias Balthazar

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alhures



O gélido astro noturno timidamente ocultado entre nebuloso acortinado de nuvens

emana acinzentada luz opaca que atravessando a vidraça

desenha grades e árvores contra a parede


A sinistra noite envolve os seres em seu amniótico manto escuro

enquanto a amarelenta luz mecânica despenca do poste plagiando claridez diurna,

iluminando a ruela por onde perambula trôpego o homem sem amanhã


Confortavelmente congelado em larga poltrona encouraçada

meu ser ignora a estaticidade das sombras

vagando alhures


A noite permanece imóvel como uma falha no tempo








Esta foi uma poesia que saiu em um catálogo de um evento chamado SESC Amazônia das artes.

(Na página de 03/08/2010)