sexta-feira, 23 de abril de 2010

Do tempo abstrato ou sobre os relógios


















(Persistência da memória - Salvador Dali)







Ho! Não enquadrem meus momentos em números
Não me digam quanto tempo me falta,
minha vida não é uma contagem regressiva pra morte.
Eu não irei me pré-ocupar com o inevitável.

Se posso fazer escolhas farei a de não me temporizar,
prefiro me momentizar, assim: Viver o momento!
Prefiro não ter tempo nenhum assim não poderei temer perdê-lo,
viverei um tempo alternativo.

Almejo uma física sem espaço nem tempo,
sem relógios ou fitas métricas,
e não peçam razão, pois não pretendo justificar minhas escolhas.
Não possuo metafísica, não pretendo as causas ultimas para explicar certo ou errado...

Agora estou além da física, mas em lugar algum,
além do tempo abstrato, sem tempo algum.
A maior sabedoria sobre o tempo não está nos números ou em sua sistematização,
a sabedoria ultima consiste em apenas viver, sem tempos nem espaços delimitados por abstrações numéricas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Retrato poético




Eu escrevo retratos.
Pintados em letras de cores abstratas
mescladas com matizes de verbos
às vezes intensas, às vezes calmas.
Escrevo retratos.

Escrevo também quadros.
Pincelando palavras e mais palavras e frases e mais frases
até que eu veja uma imagem de poema,
uma paisagem de poesia...
...é assim que eu escrevo retratos.

Escrevo escutando as pinceladas do teclado
enquanto as idéias pintam,
enquanto pitam as emoções .
É que minha arte é abstrata
eu escrevo retratos.

(Foto: Michele Saraiva)

Molduras paragráfais
dependuradas em estruturas de capítulos,
camadas e camadas de linhas sobrepondo temas,
frases e frases definindo imagem em
textos figurativos.
Retratos poéticos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Necessárias contradições





Hoje sou a contradição de mim mesmo
meu instante é reflexivo!
A vida parece um único momento perdido em mim
Sou sem ser...
...concretamente abstrato...

Preciso me escrever antes que me perca
só posso encontrar-me em verbo...
Verbo em seu uso limite não se tange
É sem ser...
...
(Foto: Michele Saraiva)
Poesia não se tange
Quem a ousa compreender perde o poetismo
Entendam os Filosofos!
...apenas sinto...
...assim posso ser sem ser
Assim posso ser em contradição.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Para dias colaterais






Escrevo um poema para os dias tristes
Para os dias azul-escuros de mim
Escrevo um poema para os dias des[sentidos
Para os dias desbotados
Escrevo um poema para o céu fechado


(Foto: Michele Saraiva)

Para os dias de noite
e para as noites sem dia
Para dias colaterais
Escrevo pois minha lágrima é palavra e meu sentimento é verbo,
por não gostar de lágrimas de verdade
Elas não têm desculpa

Escrevo um poema para o Eu-triste
(pergunto-me: Por que ele existe?
Escrevo um poema-porquê
Um poema Eu-triste

Escrevo um poema porque minha crise é poética
Fosse existencial apenas choraria
Poetas não gostam das coisas em si
Elas não são poéticas

Escrevo um poema para os dias colaterais
e só escrevo porque como poeta não posso deixar eles serem assim
Devo poetizá-los!
Caso contrário não serão poesias (serão apenas dias tristes

Poetas não gostam de dias tristes
Eles não têm desculpa
São colaterais da vida
Poetas gostam é de poesia (e para isso os dias tristes são ótimos

domingo, 4 de abril de 2010

Decifra-me


Meus caminhos foram os caminhos de um “louco”
Mas quando decidi ser eu fui “mago”, “imperador” e “eremita”
Fui provado pela tentação dupla dos “amantes”
E me ajustava quando percebia que “a fortuna”
Nos traz tanto a “luxuria” quanto a “morte”

Eu fui “enforcado” e vi o mundo de pontacabeça
Contemplei os arquétipos do mundo
E entendi “a arte” do “universo”
O segredo “das estrelas”, da “lua” e do “sol”

Eu sou levado pela “carruagem” dos “aeons”