sábado, 26 de junho de 2010

Sonho verde



É a brisa que aviva excitando os galhos e as folhas
das árvores que farfalham voluptuosos gemidos
e propaga o crocitar selvagem das vidas rasteiras
que se escondem no labirinto verde

Ou é a água que percorre tortuosos caminhos
banhando raízes e alcança as aldeias dos povos pintados,
das nações enfeitadas que vestem à floresta
e dançam a alucinante lua fantasma vacinados de sapo

É a vida que transa com a terra e lhe deposita raízes
e brota ereta, fálica, precisa no rumo amarelo do sol
dando guarida ao colorido dos pássaros
ou sombra àqueles seres que perambulam silentes sobre o solo marrom

Ou é a sinfonia dos ventos que passeiam entre os troncos
e dançam redemoinhos de folhas secas e amarelas e ocres
espalhando o aroma úmido das exóticas flores silvestres
que graciosamente concorrem o espaço

É o sonho verde ultimo do homem humano que desastra a terra
tornando concreto sua existência
Trocando a caricia das matas pelo conforto acinzentado
das engenhosas torres que rasgam o céu