quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alhures



O gélido astro noturno timidamente ocultado entre nebuloso acortinado de nuvens

emana acinzentada luz opaca que atravessando a vidraça

desenha grades e árvores contra a parede


A sinistra noite envolve os seres em seu amniótico manto escuro

enquanto a amarelenta luz mecânica despenca do poste plagiando claridez diurna,

iluminando a ruela por onde perambula trôpego o homem sem amanhã


Confortavelmente congelado em larga poltrona encouraçada

meu ser ignora a estaticidade das sombras

vagando alhures


A noite permanece imóvel como uma falha no tempo








Esta foi uma poesia que saiu em um catálogo de um evento chamado SESC Amazônia das artes.

(Na página de 03/08/2010)



6 comentários:

*lua* disse...

A noite sempre me apresenta como o mais perfeito leito a acalentar meu coração em meio as suas sombras que se igualam às minhas. Pefeito esse texto. Adorei! Um beijo Elias

RENATA CORDEIRO disse...

Venho pela segunda vez, dada a riqueza do seu poema. Sou uma criatura das notívaga, insone, vejo sombras e senti uma empatia tremenda. Amei de amar. Parabéns!


"Jogo de Luzes

Você passou pelo meu pedaço como um cometa

Despontou no horizonte de repente

e confundindo você com uma estrela cadente

apressei-me a formular meus desejos...



(minha alegria pipocou assim

como um show de fogos de artifício)



Rompendo o breu morno da noite subiu e traçou

uma trajetória oblíqua

para desaparecer do outro lado da tela

– com menos brilho, é certo

e o imenso rabo um tanto chamuscado...



(minha ira estourou como uma tormenta em tecnicolor

com direito a raios, faíscas e trovões)



Fiquei a ver estrelas, sim,

e num céu dos mais nublados

enquanto você foi brilhar

em outros firmamentos...



(depois da tempestade

a bonança)



Guardei por aqui uns raios de luz

caídos na derrapada da curva

se precisar, venha buscar

não faça cerimônia

a que tenho deve dar pro gasto

e só depois me ocorreu

que deslumbrar-se é fruto da distração

e cometas só brilham na escuridão."
Poema meu para o Elias.
Um beijinho enorme!
Renata

Elias Balthazar disse...

Espero que você venha mais vezes, meu imaginário está sempreaberto...
Também adorei seus textos e o céu da tua noite por onde passei lampejando.



Parta!
Dê luz à nova vida,
novo sabor às vontades,
novas visões aos olhares antigos

Siga o fogo da cálida estrela do horizonte oceânico
ou dispare um raio de luz com pálido impeto
todos os firmamentos te pertencem

Dê a luz!
Pois os segredos desse poder
tu carregas consigo
como parte do teu mistério...




(poesia minha para Renata Cordeiro)

Elias Balthazar disse...

Olá Lua,

A noite é nossa musa...

RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO disse...

Oiê, querido!
Cá estou eu, mais uma vez, acordei há algumas horas e volto a dormir.
Gosto muito de vc. Por isso, cá estou como o meu outro *eu*, que fala tudo. E fico contigo, independentemente de qualquer coisa.
Beijos e até mais++++
Renata Maria

RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO disse...

Publicareio o poema que me deste na Maria, não hoje, mais pra frente.
Obrigada, és muito querido!
Renata Maria