sábado, 26 de junho de 2010

Sonho verde



É a brisa que aviva excitando os galhos e as folhas
das árvores que farfalham voluptuosos gemidos
e propaga o crocitar selvagem das vidas rasteiras
que se escondem no labirinto verde

Ou é a água que percorre tortuosos caminhos
banhando raízes e alcança as aldeias dos povos pintados,
das nações enfeitadas que vestem à floresta
e dançam a alucinante lua fantasma vacinados de sapo

É a vida que transa com a terra e lhe deposita raízes
e brota ereta, fálica, precisa no rumo amarelo do sol
dando guarida ao colorido dos pássaros
ou sombra àqueles seres que perambulam silentes sobre o solo marrom

Ou é a sinfonia dos ventos que passeiam entre os troncos
e dançam redemoinhos de folhas secas e amarelas e ocres
espalhando o aroma úmido das exóticas flores silvestres
que graciosamente concorrem o espaço

É o sonho verde ultimo do homem humano que desastra a terra
tornando concreto sua existência
Trocando a caricia das matas pelo conforto acinzentado
das engenhosas torres que rasgam o céu

terça-feira, 22 de junho de 2010

Exposição "Retratos poéticos" SESC/PVH




Gostaria de convidar
A todos que por ventura navegarem no blog
para exposição de retratos e poesias:

"Retratos Poéticos"

onde busco um diálogo poético com o mundo imagético
das cativantes
fotografias de Michele Saraiva




SESC/CENTRO de PVH Entre 07 à 30/06/2010











Sites que divulgaram:

http://transparenciarondonia.com.br/2010/06/07/exposicao-fotografia-e-poesia-nesta-terca-feira-08-no-sesc-centro/

http://www.rondoniaovivo.com/news.php?news=63916

http://www.cnro.com.br/noticia.php?id=31267

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Aroma ausente
















(Foto: Michele Saraiva)

Ausência de rosas deserta meu ser
Qu’em aridez se desola
ao vibrar do silêncio sinfônico
e circunda-me a lacuna infecunda
do carente vazio eleitor do meu nada
que divaga a dança incerta das folhas ao vento

A poeira esvoaçante dos sonhos estéreis,
lembrança da ultima morte do si,
tempestuosamente desfragmentam meu corpo
e me confunde o ermo deserto

O ser ainda assim insiste a presença
e na chuva gélida das dores funestas tornadas lágrimas,
qu’inda embaçam a colérica visão,
encontra acento aos fragmentos do eu,
que habitavam insólitos a incerteza dos ventos secos,
esculpindo formato de nova existência

...e ‘alma que desliza a superfície do dilúvio
encontra ilha que cultiva um acanhado desejo de eu
a rasgar a atmosfera exalando tímido odor que possa desfazer teu
aroma ausente

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Inverno nu

(Nietzsche por Edvard Munch)



Por entre a chuva espessa que transmuta a calma noite em dilúvio,
jorrando à cântaros de um céu negro salpicado em relâmpagos
aos bramidos retumbantes das trovoadas insanas que propagam a ira dos deuses
acovardando mortais sob seus cobertores mofados,
correrei afrontando os raios gritantes, intentando surfá-los

Ou no inverno selvagem quando criaturas tiritantes
de ossos congelados esconderem-se sob seus grossos tecidos
gemendo lerdos à beira de largas lareiras crepitantes
rasgarei minhas vestes e atearei fogo

e correrei nu por sobre a brancura da neve que ao despencar dos céus
encortina a atmosfera atapetando o solo da gélida noite tenebrosa
cantado insano o hino dos que agonizam os velhos tempos:
Rasga tuas vestes elas já não te servem mais